O Digital Transformation Experience (DTX) reuniu 16 grandes empresas líderes do mercado nacional e 7 startups da região da Alta Paulista, interior de São Paulo em uma jornada de 8 meses de transformação digital

Cerimônia de abertura do programa de transformação digital da Bluefields Aceleradora.
Cerimônia de abertura do programa com Chikao Nishimura (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – CIESP)

Com o Brasil em 44o lugar no ranking de transformação digital, empresas brasileiras têm corrido atrás de aumentar em competitividade digital na nova economia.

O que ainda não foi escrito nos principais livros de estratégia é que a definição de competição mudou. O que era antes uma competição entre Empresa A versus Empresa B, agora é entre Ecossistema de Inovação da Empresa A versus Ecossistema de Inovação da Empresa B. 

Foi também com essa motivação que um grupo de líderes e empresários da região da Alta Paulista, interior de São Paulo, idealizou o DTX – Digital Transformation Experience. Programa que acabou se tornando o maior em transformação digital no quesito nacional resultando em uma comunidade de inovação batizada, ao final do DTX, de Pudim Valley. Nome dado em homenagem à flexibilidade, união e outras propriedades da sobremesa típica.

Programa de transformação digital DTX. Bluefields Aceleradora.

DTX: como a transformação digital começou

Tudo começou em 2018, quando um grupo de pessoas se reunia na CIESP, dirigida por Chikao Nishimura, para debater questões relacionadas à inovação da Alta Paulista. Em uma das reuniões, Tsen Chung Kang, diretor de pesquisa de novos negócios do Grupo Jacto, propôs a busca por uma solução que aumentasse a competitividade digital das empresas da região. Mas foi em 2019, após a formatura de um curso inédito no Brasil (Big Data no Agronegócio da Fatec de Pompéia/SP) que perceberam que essa mão-de-obra digital disponível e qualificada não se encaixaria nas empresas tradicionais da região. Foi quando Tiago Goulart, empreendedor e professor da Fatec, uniu-se a Nishimura e Kang para formatarem um programa de transformação digital.

Na época, Gourlart liderava uma agtech (startup voltada ao agronegócio) que tinha acabado de passar pelo quarto ciclo de aceleração da Bluefields Aceleradora. A Aceleradora também passou a fazer parte deste grande projeto. Paulo Humaitá, founder e CEO da Bluefields, conectou Kang e alguns da equipe com players relevantes do Vale do Silício que, após uma visita à Califórnia, voltaram decididos que a resposta era fomentar o ecossistema de inovação da região. Porém este ecossistema deveria ter muros baixos, privilegiando a inovação aberta, e ser baseado em valores inspirados em princípios cristãos que, como observaram no Vale do Silício, gerava confiança e relacionamentos sólidos no ecossistema.

Após a viagem, Kang e Humaitá se reuniram algumas vezes no Bendito Coworking em São Paulo capital e começaram a rabiscar em uma cartolina as etapas do programa. Com o apoio e articulação da CIESP, liderança e engajamento da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia, times de tecnologia formados por alunos da Fatec Pompeia, e execução da Mentto e Bluefields Aceleradora, assim nascia o DTX. Feito especialmente para empresas líderes do mercado nacional de Marília, Pompéia, Assis e toda região da Alta Paulista.

Programa de transformação digital DTX. Bluefields Aceleradora.

DTX: estrutura da transformação digital

O DTX teve a participação de 16 grandes empresas brasileiras dos segmentos de alimentos e bebidas (Marilan, Jazam, ZDA, Dori, Broto Legal, Refrigerantes São José, Dim Alimentos), agronegócio (Jacto, Agroterenas), saúde e segurança (Brudden/Movement, PPA, SPSP) e ainda outros segmentos de tecnologia e serviços representados pelas empresas Life Fibra, Mentto, Fulltime e Toca Imóveis. No decorrer do DTX, 7 startups da região foram selecionadas (Arredor, For You Digital, Pedfarma, SOS Alergia, NK Saúde, Persys e Tá Pago) com foco em geração de negócio entre as startups e grandes empresas, bem como para ajudar na absorção da cultura startup por parte do empresariado regional. 

Com um combinado de cerca de 8 bilhões de reais de faturamento anual, 12.000 colaboradores indiretamente impactados, com mais de 100 participantes diretos (acionistas, diretores e analistas das empresas, empreendedores de startups e alunos de tecnologia), o DTX é, até o momento, o maior programa de transformação digital do Brasil. 

As empresas participantes foram divididas em 15 squads em uma jornada de 8 meses com 3 expectativas ao final do programa: pessoas inovadoras, produtos inovadores, empresas inovadoras. Para isso, o DTX foi dividido em 4 etapas, conforme quadro abaixo, que contou com metodologias inovadoras como o Design Sprint (desenvolvido pelo Google e utilizada atualmente nas empresas mais inovadoras do mundo), Startup Tour (visita à sede de algumas das principais startups brasileiras), Customer Development (ferramentas de desenvolvimento de clientes baseadas no método criado em Stanford por Steve Blank) e além de muitas outras imersões e técnicas. 

Estrutura do programa DTX Bluefields Aceleradora de transformação digital.
Estrutura do programa DTX separada por estágio, descrição e metodologias utilizadas

Além de tudo isso, o DTX contou com muita mentoria e foi desenhado com uma estrutura gamificada, ou seja, a performance dos squads era mensurada a cada sprint através de pitches e análise críticas dos Startup Partners da Bluefields Aceleradora (Ana Zechmann, Guto Jardim e Mycaelle Beza), que atuaram lado a lado das equipes na coordenação dos planos de ação de cada sprint

Segundo Guto Jardim, Head de Corporate Innovation da Bluefields: “essa primeira edição do DTX me fez sentir como um desbravador. Sinto que deixaremos um legado coletivo e eu me sinto honrado de ter feito parte disso”.

Colaboradores colocam a mão da massa através de metodologias ágeis no DTX Bluefields Aceleradora para transformação digital.
Colaboradores colocam a mão da massa através de metodologias ágeis no DTX

DTX: pessoas inovadoras, produtos inovadores, empresas inovadoras

Com o DTX, as pessoas se tornaram hábeis no quesito inovação. Com a posse de todo ferramental necessário para inovar, uma vez houve uma mudança no mindset, a consequência é continuar aplicando tudo isso em suas respectivas grandes empresas. Outro elemento importante durante o DTX foi a descoberta de talentos intraempreendedores, se antes desempenhavam um bom trabalho em outras áreas do negócio, agora se tornaram líderes importantes no processo de transformação digital das empresas. 

Como relatou Gabriel Henke, squad de inovação da Jacto: “Na minha experiência com o DTX aprendi a trabalhar diante de dificuldades reais. Durante o programa demos de cara com coisas que deram certo de primeira, coisas que deram errado, coisas que deram muito errado e coisas que nós nem imaginávamos que fossem possíveis”.

Com o DTX, os produtos agora são mais inovadores do que antes. Todos os squads de inovação desenvolveram pelo menos um MVP (mínimo produto viável) de solução digital que pôde ser aplicado no seu negócio em diferentes horizontes de inovação. Algumas empresas vendem o mesmo tipo de produto há quase 100 anos, agora possuem receita proveniente de um produto digital. 

Mesmo quem não foi tão disruptivo, conta com um novo canal digital de vendas ou uma nova forma de fazer o que já fazia antes. Mesmo os squads de inovação que não tiveram sucesso com suas respectivas hipóteses, aprenderam e capturaram muito valor com aprendizados dessa tentativa e erro. Como disse Michel Colombo, squad de inovação da Jazam Alimentos: “o principal ponto positivo do DTX foi a importância de pensar em como nosso mercado e clientes estarão se comportando em 5, 10 anos, então pudemos buscar atualizações, novas soluções utilizando tecnologias atuais. O conceito de muros baixos realmente é um desafio para a maioria das empresas, mas entendo que a formação do ecossistema é muito importante para todos nós”.

Consequentemente, com o DTX, as empresas agora estão mais inovadoras do que antes. Sabemos que uma transformação digital leva alguns bons anos para acontecer e o DTX foi a primeira grande aceleração das empresas com este objetivo. Toda transformação é sobre pessoas e toda transformação dói. No DTX, as empresas sentiram essas dores e saíram mais fortalecidas ao final do programa. Fernando Guazelli, squad de inovação da ZDA, capturou bem essa questão quando disse: “o DTX causou o desconforto necessário para que a alta gestão das empresas revisassem suas estratégias para as novas batalhas que virão. Houveram muitas mudanças na cultura e mudou muito minha maneira de pensar e enxergar o mundo dos negócios”.

Puddin Valley, o ecossistema de transformação digital

Em uma iniciativa que surgiu dos próprios participantes, em um resultado bastante orgânico, foi a criação da comunidade de inovação da região. Com o objetivo de dar longevidade ao ecossistema agora vibrante fomentado. O nome escolhido foi Pudim Valley, uma vez que os participantes do DTX adoravam o pudim oferecido pelo refeitório da associação dos funcionários do Grupo Jacto, durante os divertidos almoços ao longo dos meses de DTX. Além disso, o pudim é um alimento doce, com aderência das grandes empresas de alimento da região. O pudim está na identidade do brasileiro, pudim também é agro, quem não gosta de pudim? 

Puddin Valley DTX Bluefields Aceleradora. Transformação digital

Após o DTX, todas as empresas passaram por um assessment de transformação digital, onde alguns critérios foram avaliados pela Bluefields Aceleradora tais como inovação, capacidade empreendedora do squad, alinhamento estratégico, absorção da cultura startup e maturidade do ecossistema em muros baixos. Foi o fim de um grande começo na jornada de transformação digital de toda uma região.

Próximos Passos

Apesar do final do DTX coincidir com o início da pandemia em março de 2020 e com a forte vocação regional nos setores de agro, alimentos e saúde; a região da Alta Paulista continua mobilizada este ano. Especialmente dado ao recente lançamento do novo programa de inovação. 

Os NPOPs (Núcleos de Pesquisa Orientada a Problemas de São Paulo) são, assim como o DTX, liderados pela Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia e se tornou (junto a FAPESP, Governo do Estado de São Paulo e principais instituições de ensino e pesquisa) referência em bioinsumos e bioprodutos, assim como o maior programa brasileiro de tríplice-hélice. 

O papel da Bluefields nos NPOPs será de fazer com que os squads, formados por pesquisadores e representantes das empresas participantes, trabalhem como startups. Mas essa é uma história para contar em uma próxima oportunidade.

O interessante é que a formação de pools de empresas para programas de transformação digital pode ser uma tendência interessante no Brasil, principalmente para empresas nacionais e com governança familiar. 

Vamos juntos continuar acelerando a inovação no Brasil. 


    1 Response to "Bluefields Aceleradora tem papel chave no maior programa de transformação digital do país"

    • Paulo Humaitá

      Mais do que um privilégio participar de tudo isso! Go Pudim Valley!!!!

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