A Convergência Biodigital já existe há algum tempo, mas a tendência é aumentar ainda mais suas aplicações
A Convergência Biodigital já existe há algum tempo, mas a tendência é aumentar ainda mais suas aplicações

Em conversas recentes com startups na área de educação financeira, aprendi sobre a enorme sinergia entre soluções de educação e grandes bancos. Afinal, iniciativas como a NextJoy – gamificação com personagens da Disney para educação financeira infantil – tendem a ficar cada vez mais comuns. Através do NextJoy, parte do ecossistema de inovação do Bradesco, o banco digital Next demonstra uma interessante convergência entre os setores de educação e serviços financeiros.

Lembro-me de ler um detalhado estudo de caso sobre as estratégias da Procter & Gamble no livro Playing to Win, no qual o termo ‘Where to Play’ (onde vou jogar/atuar) foi considerado uma das decisões mais importantes de uma estratégia vencedora. Em uma das frases do livro, A.G. Lafley, CEO reconhecido por reinventar a P&G, disse que: “a escolha de servir todo mundo, em todos os lugares – ou simplesmente servir quem vier – é uma escolha fracassada”.

Acho que é por causa desse ‘Where to Play’ que tem sido cada vez mais difícil decifrar a estratégia de uma empresa ou acertar as tendências de um setor. Fiquei pensando por um tempo: por que um banco digital quer investir em educação para crianças? Aparentemente fomentar educação financeira para as próximas gerações de investidores pode ser algo genial, além de se relacionar também com as famílias. 

Convergência Biodigital na Bluefields

Já faz um tempo que a palavra convergência tem feito parte do nosso vocabulário aqui na Bluefields Aceleradora. Principalmente depois que colaboramos na formação de um programa de tríplice-hélice (governo + empresas + instituições de ensino) com cerca de 150 pesquisadores de bioinsumos e bioprodutos. Nossa missão, em conjunto com parceiros, foi transformar cada grupo de trabalho das linhas de pesquisa em uma startup, ao colocar em prática conceitos e ferramentas do Design Thinking, Scrum e MVP, – além do que chamamos de MVT (Minimum Viable Technology) para pesquisas que envolvem alta tecnologia.

Assim como a convergência entre educação e serviços financeiros tem ficado cada vez mais popular, a convergência biodigital é um termo que tem sido usado recentemente no mercado e se refere a novos hábitos ligados à saúde que geram desdobramentos nos setor alimentício, e consequentemente no agronegócio.

“[…] a convergência biodigital é um termo que tem sido usado recentemente no mercado e se refere a novos hábitos ligados à saúde que geram desdobramentos nos setor alimentício, e consequentemente no agronegócio.

Cases no Brasil

O Brasil pode ter um futuro brilhante no biodigital, uma vez que aparecem cada vez mais startups relacionadas à essa convergência (healthtechs, foodtechs e agrotechs). Juntas, elas somam cerca de 3 mil startups no país, o que corresponde a 20% de todas as startups brasileiras. Para se ter uma ideia, das investidas pela Anjos do Brasil em 2020, um terço delas são dos três setores do biodigital.

Ao compreender mais as iniciativas no biodigital, é possível perceber que o tempo de maturação de uma inovação biodigital pode ser superior ao de uma startup puramente digital. Uma vez que envolvem diretamente a saúde das pessoas em tratamentos, ou até mesmo aplicação de tecnologias IoT e inteligência artificial, agregados ao conhecimento e mapeamentos genéticos, para a longevidade em segmentos específicos como economia prateada (público 60+).  

No mercado brasileiro atualmente é possível perceber algumas convergências acontecendo como alguns casos abaixo:

Alimentos + Agronegócio: A BRF, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, tem como meta alcançar 10% de suas receitas provenientes de inovação. No Hub BRF, plataforma de inovação aberta da BRF,  o manifesto diz “unidos, faremos uma revolução do campo à mesa”, claramente uma das suas verticais está relacionada a startups do agronegócio.

Alimentos + Saúde: A Danone, multinacional francesa de produtos alimentícios, por meio do programa de inovação Transforming Labs, tem selecionado startups no Brasil para geração de negócios e uma das verticais priorizadas são healthtechs com foco no relacionamento de equipes médicas.

Agronegócio + Saúde: O Grupo Jacto, reconhecido por sua inovação no agronegócio, através de iniciativas de tríplice-hélice, tem atuado junto a pesquisadores especializados em biotecnologia, com projetos que desenvolvem bioinsumos visando uma opção mais saudável para o consumidor final.

São muitas as possibilidades dentro da Convergência Biodigital. É por isso que nós aqui na Bluefields Aceleradora temos nos especializado cada vez mais nesse assunto, inclusive o nosso próximo programa de aceleração de startups – The Big BAM! – será lançado com esta temática. Longa vida às inovações biodigitais brasileiras.


Por Paulo Humaitá – CEO da Bluefields Aceleradora


Paulo Humaitá
Paulo Humaitá

Curioso e eterno aprendiz. Casado com sua melhor amiga, doente pelo Coringão e admirado com o que dá para fazer com inovação. Acredita que empreender é a ciência de acreditar no que ainda não se vê.

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